quarta-feira, 15 de julho de 2009
Psicodelia Nordestina
Durante este último tempo afastei-me radicalmente das obras musicais do Zé Ramalho, afastamento natural devido a desgostar bastante do seu recente trabalho pós cogumelos e afins e de irritar-me deveras por ter comparecido em três shows exatamente iguais do cantor nos últimos anos, o mais recente trabalho com versões das músicas do Bob Dylan nem parei pra escutar, afastei-me tanto que esqueci de quanto eu gostava das antigas obras dele e inconscientemente tirei-o dos meus arquivos sonoros. Ontem meu pai escutava algumas músicas que havia passado a ele do Zé Ramalho há algum tempo e lembrei-me o quanto paraibano acertou em algum momento da sua carreira.
Coicidentemente ouvia hoje uma rádio denominada "Rádio Psicodélica" na internet, e entre Mutantes, Secos e Molhados e outros, toca uma canção que foi anunciada como parte do álbum que seria um dos primeiros discos de psicodelia não declarada produzidos no Brasil, o álbum em questão é "Paêbirú", parceria entre Zé Ramalho e Lula Cortês lançado em 1974, lembro que já havia ouvido falar do álbum, porém após instantaneamente baixá-lo descobri que não conhecia nenhuma da onze canções que são entoadas.
"Psicodelia nordestina", é a maior definição que pode-se dar ao "Paebirú", são utilizadas diversas refrências do rock, mas também harpas, flautas, tambores, berimbau, dentre outros instrumentos típicos da região, e as cançoes não somente instrumentais são agraciadas com a comumente maestria de Zé Ramalho em utilizar a linguagem nordestina nas suas canções, chega a dar um orgulho estranho de fazer parte desse território, apesar de jamais ter feito oferendas a deuses ou utilizado a palavra "peleja" no meu vocabulário cotidiano. Um baile psicodélico, uma prova irrestrita que o sertão nordestino já consumia os mesmos psicotrópicos do resto do país.
No mínimo é interessante saber a história que acabei de descobrir do disco : foram fabricados apenas 1300 exemplares, porém devido a uma enchente que ocorreu em Recife em 1975, 1000 foram perdidos, hoje o original que se salvou dos 300 que sobraram tem o maior valor comercial dentre todos os discos produzidos no Brasil, chega a custar 4 mil reais.
E o Zé Ramalho ganha espaço outra vez.
domingo, 5 de julho de 2009
"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas..."
Então disse a raposa:
"- Mas tu não deves esquecer. Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas."
Refolheando "O Pequeno Príncipe", obra-prima do francÊs Antoine De Saint Exupéry, me chama a atenção desta vez o diálogo entre a raposa e o Pequeno Príncipe, passagem inclusive que sempre era a mim citada pela maioria dos que me me indicavam a obra, e que achei inócua diante das outras partes do livro da primeira vez que o li.
Uma vez me foi dito por alguém que a felicidade de muitos dependia de mim, como sempre achei que fiz tudo para que isso não acontecesse, não me sentia culpado por tal situação.
"Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas", como eu pensei nessa frase esta semana, talvez isto desse aval a diversas atitudes que me eram ininteligíveis. Mesmo quase entendendo a lógica da frase proferida pela raposa, e juro que não só para me isentar de responsabilidades, descobri que sou radicalmente contra a frase do Antoine, nunca consegui me sentir responsável por nenhum dos meus supostamente cativados e nem acho que deveria, mas infelizmente e comicamente como sempre me deparei com pessoas que partilham do ideal do mamífero, hoje não sou mais cativante (risos). A frase para dar equidade de responsabilidades entre o sedutor e o seduzido não me convenceu.
No mais "O Pequeno Príncipe" consegue me convencer em quase tudo, a livro é mesmo fantástico, vale a pena.
quarta-feira, 1 de julho de 2009
Estamos tristes mesmo?
Quem sou eu para discutir a importância do Michael Jackson no cenário "pop" mundial e o marco idolátrico que se tornou entre os seres da geração passada, porém uma semana passada do falecimento do cantor e já não aguento mais a mídia tentar nos dizer que estamos de luto pelo fim da carreira de Michael, a mesma mídia que nos últimos anos nos mostrava e se divertia em caçoar da aparência e das esquisitices do astro pop, e o mais impressionante é o êxito que vem obtendo.
Apesar de jamais compartilhar tal devoção, até, com muito esforço, consigo entender a tristeza de quem viveu a década de 80 pela morte do cantor, época que a cultura pop ainda elegia seus ídolos, como Michael, hoje porém, devido a necessidade midiática de promover artistas a cada semana, a ligação com os ídolos tornou-se tão efêmera que já não é normal se criar vínculos com os artistas como acontecia na geração passada, porém tornou-se normal eu ouvir na última semana, devido ao apelo da imprensa promovendo especias e biografias de Michael a toda hora, pessoas que sequer conhecem uma canção inteira de Michael comentando e lamentando o falecimento dele.
Esse "têxticulo", é por que, acabo de abrir a internet, e em todos os sites por que passei existe uma nota sobre Michael, uma lavagem cerebral, uma tentativa de recriação póstuma de um personagem que já não existia. Sejamos sensatos, a morte de Michael não influi em nada na cultura musical atual, Michael continuaria sua carreira sob a égide um sucesso e acima de tudo de um talento do passado, sejamos sensatos, é tudo construção, é falaciosa a comoção mundial, não estamos tristes. Eu não estou!
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