segunda-feira, 23 de março de 2009

"Fome de Tudo"



Esta semana fui surpreendido por um amigo que acabara de escutar o álbum “Fome de Tudo” de 2007 da banda recifense Nação Zumbi, ele perguntava se seria heresia pronunciar que achara o tal álbum o melhor da banda, inclusive os que foram produzidos quando era comandada pelo venerado e realmente genial Chico Science, sorri, mas logo depois lembrei o quão "estasiado" fiquei quando ouvi este álbum, passei semanas repetindo-o, o tom melancólico das canções me cativara deveras, e como diria um certo amigo, a não extensão vocal e o tom “monocórdico” por vezes criticado do Jorge Du Peixe, atual vocalista da Nação Zumbi, funcionam bem nos tons sombrios experimentativos da Nação no álbum.
Fome de Tudo” conta também com excelentes solos de guitarra, com o ápice do Jorge Du Peixe como letrista e principalmente com a capacidade extraordinária da Nação Zumbi em se reinventar, com um tom altamente diferente do mangue beat original da banda, muito mais melancólico, a nova Nação consegue no mínimo manter o nível das outras grandes produções da banda.
Enquanto a preferência citada no começo do texto, é realmente compreensível, “Fome de Tudo” é bem produzido, foge do semi-bairrismo dos primeiros álbuns, porém enquanto a mim... não consigo esquecer que foi produzido o “Da Lama ao Caos” sob o comando do Chico Science, disco que introduz a Nação Zumbi no cenário nacional, que mostra ao Brasil o mangue beat pernambucano, que torna talvez a Nação Zumbi a banda mais influente surgida em terras tupiniquins desde os Mutantes, e brincando de escolher, pela importância do álbum de 1994 e pela pequena queda de qualidade na metade final do “Fome de Tudo”, eu fico com o “Da Lama ao Caos”.

Demonstrado a grande evolução letrista do Jorge Du Peixe, segue abaixo a canção Bossa Nostra que dá início ao álbum "Fome de Tudo":


Bossa Nostra

Composição: Jorge du Peixe
"Ninguém quer saber
O gosto do sangue
Mas o vermelho
Ainda é a cor que incita a fome
Depende da hora e da cor
Depende da hora,
Da hora, da cor e do cheiro
Cada cor tem o seu cheiro
Cada hora lança sua dor
E dessa insustentável leveza de ser
Eu gosto mesmo é de vida real
Eu levei
Minha alma pra passear
Eu levei
Minha alma pra passear
Não me distancio muito de mim
E quando saio não vou longe fico sempre por perto
Depende da hora e da cor
Depende da hora,
Da hora, da cor e do cheiro
Cada cor tem o seu cheiro
Cada hora lança sua dor"

segunda-feira, 16 de março de 2009

"Fantasia"


Fantasia, fantasia e muito mais, é a definição para o clássico de aniversário da Walt Disney de 1940, “Fantasia” como se intitula, é um conjunto de imagens, desenhos e formas que acompanham milimetricamente canções de Shubert, Bach, entre outros, todas interpretadas pela Orquestra Sinfônica da Filadélfia. O filme parece ter sido todo elaborado durante uma viagem de LSD, você se vê durante duas horas envolvido num turbilhão de imagens que perpassam por fadas, cogumelos dançantes, cavalos voadores, pelo simpático Mickey da imagem acima ou simplesmente por traços que acompanham perfeitamente clássicos como o "Quebra Nozes” de Tchaikovsky, um universo de cores, um ordenamento psicodélico genial, e se for pra direcionar a indicação: para os apreciadores dos expansores do músculo cerebral o filme é obrigatório, obrigatório!

segunda-feira, 2 de março de 2009

"São bonitas as canções..."


Há algum tempo estive esclarecendo há alguns colegas o "porque" de eu não gostar do Caetano Veloso, dizia que eu achava a sua obra falsa, em especial as de carácter de valorização à Bahia, terra natal minha e dele, além de eu já não apreciar as canções de temática citadina, eu não conseguia enxergar qualquer sinceridade nas características idealistas depositadas ao estado pelo compositor, para além das opiniões divergentes sobre o local, o ponto-chave da minha desconfiança da sinceridade do cantor reinava em outros fatos. Pois bem, a essência do caso, era realmente que eu não conseguia conceber a arte feita pela arte, sem a sinceridade embutida no processo.

Ontem por acaso esta ouvindo o álbum "Paratodos" do cantor e compositor Chico Buarque de Hollanda, por quem deposito grande admiração, na "faixa 2" intitulada "Choro Bandido" parei pra pensar e fui obrigado a concordar e rever algumas crenças.

Segue abaixo o primeiro trecho da música:


"Mesmo que os cantores sejam falsos como eu

Serão bonitas, não importa

São bonitas as canções

Mesmo miseráveis os poetas

Os seus versos serão bons"


Ainda não gosto do Caetano, ainda não gosto do ufanismo citadino, mas ei de adimitir, belas canções, sinceras ou não, serão sempre belas canções.