sexta-feira, 15 de maio de 2009

O quão diferente pode ser uma versão




Dando uma pausa momentânea na leitura proudhoniana, na última quinta-feira, 13 de Maio, sou convidado para assistir a primeira versão do clássico “O Planeta dos Macacos” na madrugada em Gomorra, aceito o convite e sigo a conferir a obra de ficção-científica de 1968, devido ao estado pré-ébrio que me encontrava devido a seqüelas da festa anterior, conversamos boa parte do filme e parte da obra que pretendo assistir novamente. Há algum tempo já havia assistido a nova versão do filme, que me agradara discretamente.
Pois bem, porém como nas imagens acima deveriam demonstrar, já que o segundo filme não conseguir localizar a última cena, tentarei analisar aqui a diferença ideológica captadas na cena final dos dois filmes, que me surpreendeu totalmente. Na primeira cena, o personagem principal, vivido pelo Charlton Heston se depara com a estátua da Liberdade como vestígio da vivência e declínio da sociedade humana no local, a suposta evolução inversa é quebrada, a tentativa de destruição da raça humana pelos macacos se dá por uma tentativa de não contaminação pelos seres que levaram uma sociedade ao declínio, mesmo utilizando-se de meios repetidos como a propagação de mitos e o delimitação do conhecimento, o objetivo principal da sociedade dos “primatas” é a superação da índole humana. Na segunda cena, o personagem principal, Mark Wahlberg, após viveres algum tempo onde macacos começavam a construir uma nova sociedade, consegue fugir, e na verdade vai parar num futuro onde os “primatas” conseguiram objetivar esta sociedade, porém a visão impactante do segundo filme se dá quando o personagem se depara com a estátua de Abraham Lincoln, mas em formato animal, em seguida é perseguido por uma polícia formada por macacos. Enquanto o primeiro filme prega uma superação, mesmo equivocada, mas perdoada devido as suas pretensões críticas ao rumo que as grandes potências tomavam na Guerra Fria, o segundo, muito mais infantil, maniqueísta, determinista, demonstra apenas uma repetição, como se uma sociedade por mais diferente que seja, só tivesse condições de se expandir se utilizares dos mesmos métodos “evolucionistas” humanos, elegendo heróis, utilizando-se de aparelhos repressores e etc. Viagens a parte, vale a pena conferir as duas obras, comparando-as, tirando conclusões, ou não.

domingo, 10 de maio de 2009

Capítulo 1 - "P-J. Proudhon"


Acabo de conseguir emprestado e logo começar a ler a série da editora L&PM Pocket que reúne textos anarquistas, o volume que possuo em mãos refere-se aos textos de Pierre Joseph Proudhon, pois bem.


Proudhon nasceu na cidade de Besançon, França, em 15 de janeiro de 1809, filho de pai cervejeiro, viveu até os 12 anos no campo devido a todos seus avós serem agricultores livres, e como se pode perceber nos seus primeiros textos no livro, herdou uma nostalgia campestre absurda.
Proudhon nada mais é que o pai do socialismo científico, da economia política socialista, da sociologia moderna, pai do anarquismo, mutualismo, sindicalismo revolucionário, do federalismo e da estrutura coletivista que hoje é promovida pela autogestão. O marxismo que lhe deve muito, foi um dos principais elementos que fez esse gênio ser quase esquecido, principalmente quando o marxismo passa a ter quase uma ditadura intelectual e de toda a usurpação falaciosa que foi feita com o nome do velho Marx, foi introduzida uma injustiça gigantesca com a memória de Proudhon.
O mais interessante é descobrir que Proudhon jamais conseguiu se libertar da sua criação puritana, até quando escreve sobre Justiça, o conceito aparece como sinônimo de Deus. E inclusive foi nisso que se basearam suas primeiras teses na Academia de Breson que o aceitou pela "política de cotas" para estudantes sem fortuna na França, Proudhon foi aplaudido de pé após em uma tese transformar Moisés(o do Mar Vermelho) em um filósofo socialista. Só que a principal pauta que Proudhon trabalhou surge quando ele decide questionar algo que é tomado como mais respeitável e intríseco, mais que tem uma incoerência absurda, e por isso deveria ser negado.
"... a propriedade, de qualquer ângulo que se a considere, a qualquer princípio que se a relacione, é uma idéia contraditória. E, como a negação da propriedade levava à negação da autoridade, eu deduzia imediatamente de minha definição a este corolário não menos paradoxal: a verdadeira forma de governo é a anarquia."
Desgastado, Proudhon morre em Paris aos cinquenta e seis anos, em 16 de Maio de 1865.


Continua...

"A Revolução dos Bichos"


"A Revolução dos Bichos" conta a satírica história da pequena Fazenda Granja no interior da Inglaterra, onde cansados da exploração humana, e movidos pelos sonhos libertários do grã mestre, o porco Old Major, os animais armam uma revolução sob o lema, "quatros patas bom, duas ruim", tomam a fazenda e expulsam os humanos do local. Aos poucos destacando-se pela capacidade intelectual, e sob o julgo de serem da mesma espécie que o grã teórico da revolução, os porcos vão tornando-se líderes do movimento. Assumindo de vez o poder, com a aceitação dos animais que abdicam da liberdade pela segurança, e acabam ficando sem nenhum delas, ascoisas vão mudando pouco a pouco, as canções revolucionárias coletivas tornam-se contemplativas aos supostos mantenedores intelectuais do movimento, os mandamentos vão sendo modificados pouco a pouco pelos porcos, que a cada dia vão assemelhando-se aos antigos exploradores e logo tornam-se impossível distinguir quem é quem.
A livro do George Owell é uma das obras mais contundentes de crítica ao comunismo implantado, é de fácil associação os personagens do livro aos contrutores do socialismo, o velho teórico, o porco Old Major, representa Marx, que futuramente teria seus velhos sonhos deturpados e utilizados na construção de uma sociedade autoritária, o porco Bola-de-Neve, que é expulso da fazenda como traidor, representa Trótsky, vide seus pensamentos em expandir os vigores revolucionários às outras fazendas e Napoleão que prefere foratalecer a sua fazenda e implementa a autoridade no local,é facilmente associado a Stálin.
Pois bem, neste sábado passei em Gomorra para pegar emprestado uma cartilha com os principais escritos do Proudhon, que pretendo falar aqui em outra oportunidade, me deparo com alguns gomorrenses assistindo a "Revolução dos Bichos" (1999), de direção do Jonh Stephanson, filme homônimo a obra consagrada do George Owell, ao perceber que acabara de começar, junto-me a eles.
O filme inicialmente já me agradara pela rememoração de fatos que esquecia do livro, que já havia algum tempo que tinha lido. Apesar dos efeitos amadores em diversas cenas, da pouca descrição dos personagens em comparação à obra escrita, o filme é no mínimo didático, e vale a pena perder cerca de uma hora e meia para conferir a versão cinematográfica da "Revolução dos Bichos", principalmente para os que leram a obra, é no mínimo divertido as projeções.