domingo, 16 de novembro de 2008

"Across the Universe", muito além


Na última quin ta -feira, dia padrão das madrugadas cinéfilas em Gomorra, república dos historiadores e da moça que faz sabão, fui apresentado a "Across the Universe", musical embalado em versões dos Beatles, que conta a história de amor entre Lucy e Jude, personas eternizadas nas canções dos antonomásicos garotos de Liverpool. Confesso que ao descobrir o filme escolhido para abrir a sessão decepcionei-me redondamente, havia me preparado e comentado a todos que enfim então assistiria o "Encurralado", primeiro filme do Spielberg, que havia me marcado profundamente em tempos outrora, cheguei a resmungar inaudivelmente, "putz, mais um musical". Não, e não era, definitivamente não era mais um musical, não pra mim, ficava estasiado a cada canção, eu queria sair dali e ouvir por diversas vezes seguidas a discografia dos Beatles, era i mpress ion ante, os "fãs ortodoxos", como se denominavam, vez ou outra, mostravam sua insatisfação com alguma interpretação, ou com uma legenda equivocada, eu não, tudo era esplêndido, também estava longe de ser um fã ortodoxo dos Beatles, sequer era fã, não conhecia mais que algumas baladinhas comumente repetidas, hoje após adquirir a discografia dos rapazes, já me consid ero um pré-fã, um pré beatlemaníaco, mas a plenitude do filme não se perde, percebi hoje a tarde ao assisti-lo pela quarta vez. É a sensação mais "Caetaniana" que algo já me provocou, tudo é lindo no filme, e todos hão de concordar que extremamente bem-feito, desde a mais melosa cena amorosa, à psicodelia extrema que nos garante cenas majestais. Outro fator de relevância extrem a na obra, é a abordagem dos processos revolucionários da década de 60, o encaixe de "Revolution" do Lennon na voz do reflexivo Jude, cabe perfeitamente, e estabelece uma crítica em nível genial do processo.
Não era justo que eu não fosse mais um a comentar o filme, logo em mim que ele provoca tantas sensações, eis de repetir, o fil me é lindo, a Lucy é lin da, apesar de gostar mais do Jude, e a Prudence só fica no armário no sentido literal mesmo, pois já na sua primeira aparição ela declara-se para uma garota do seu grupo de torcida, e proporciana talvez o ponto mais alto do filme ao som de "I Want to hold your hand", "Dear Prudence".

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Os cômicos da História

A Universidade Federal de Sergipe, instituição onde me instalo atualmente, passou por um processo revolucionário estudantil, inicialmente decorrente da condição precária dos residentes estudantes de Laranjeiras, município sergipano onde se localiza um dos Campus da UFS. A forma que estes estudantes escolheram para demonstrarem tal indignação, foi elaborando um movimento que ocuparia a reitoria da Universidade, maior órgão de funcionamento burocrático da instituição, tal movimento foi essencialmente composto pelos próprios residentes, principais vítimas do mal funcionamento do assistencialismo estudantil e nos últimos dias, um dos maiores algozes da simbólica reitoria, com poderes até de escolha de quem poderia ou não adentrar o estabelecimento, o movimento foi completado por alguns "altruístas políticos" e alguns "políticos altruístas" que se mantiveram dos mesmos poderes do local. Na última sexta-feira, 7 de Novembro, também conhecido como o dia do aniversário da minha mãe, os "ocupados" incluíram na sua programação, uma festa que seria denominada o "Forró da Ocupação", cujas atrações principais seriam um trio pé de serra e uma banda de médio porte no cenário musical alternativo de Aracaju. Pois bem, depois de todas as obrigações contextualizadoras, vou agora ao que realmente me chamou a atenção e me fez vir aqui, chegando ao local com alguns amigos, companheiros de curso, na hora programada do evento, um dos "ocupados" na portaria do local, ao nos avistar declarou: "Esse pessoal da História é 'engraçado'", apesar de imediatamente a frase me chamar a atenção, eu não a dei a devida importância ao carácter pejorativo do termo "engraçado" que borbulhava de ironia nas palavras do rapaz, talvez pelo estado ébrio que já me acompanhava, continuei meu trajeto e não pude esconder minha decepção quando ao local cheguei e percebi que os "ocupados" haviam dado prioridade ao prolongamento de uma das diversas plenárias que eventualmente ocorriam, mas esta havia um personagem principal, ou declaradamente um personagem principal, um membro do proletariado que aparentemente se orgulhava do seu estado de ser, ao consenso de quase todos, inclusive o dele próprio, explorado pelo sistema "neoliberal" dentre outros chavões, mas que ao meu ver, mais um membro de sustentação deste próprio sistema, talvez por isso o orgulho dele me intrigava tanto. Sentei um pouco afastado da roda que se formara, e por longos 5 minutos acompanhei os relatos que dali saíam, dividindo a minha atenção com a lembrança do estatuto cômico que nos foi atribuído, fiquei no local até me lembrar das cervejas que esquentavam na bolsa que carregava, após sair dali por tal motivo, percebi talvez pela primeira vez a intenção real da adjetivação que o rapaz nos conferiu, mas, seríamos nós realmente "engraçados" por aparecermos naquele lugar apenas na programação cultural? seríamos nós realmente "engraçados" por aparecermos naquele lugar apenas pelo único evento que nos interessava"? não sei. Por fim, apesar de tardio, o motivo pelo qual aparecermos por lá se iniciou, contou com uma moça que imitava a Vanessa da Mata e um Trio Pé de Serra que tinha um anão no vocal, e o Coelho compôs, foi "engraçado", eu achei.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Jamais fui um exemplo de baianidade, sotaque e comportamento moderado, sem algum talento para a percursão ou para a dança, inclusive alvo de chacotas quando em meus "raros" momentos ébrio arrisquei algum passo mais atrevido, jamais cantei meus sentimentos, segundo alguns ditos "todo bom baiano canta os seus sentimentos", talvez por falta de sentimentos a serem cantados quem sabe, raramente perco o controle sob o meu corpo quando se toca em alguma rádio por aí a Daniela Mercury, Ivete Sangalo, Chiclete com Banana, Harmonia do Samba ou qualquer outro dos seus descendentes, e verdadeiramente nunca achei o carnaval da Bahia o melhor do mundo, diz-se por aí que 99% dos baianos defendem que o carnaval da Bahia é o melhor do planeta e quiçá do universo, porém, apesar de todo o meu afastamento "culturo-estereotipado" do baianês, há algum tempo eu deixei de ser apenas mais um baiano, e tornei-me o "Baiano", é como se a obra do acaso, o elo perdido, virasse essência.

"Sou baiano, mas não sou o Caetano" (Marcelo Nova)


quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Um Passado não tão Distante...

Primeiramente venho esclarecer que eu não pretendo criar um blog de linearidade temporal, muito menos lhes contar a história da minha vida, porém eu venho encarar nessa postagem um desafio pessoal, devido a minha memória pouco confiável, decidir desafiá-la, relatando aqui casos do meu passado mais distante, é, a época que eu me estabanava com mais frequência, essas coisas(pois é, esta época existiu), vamos ver até onde isso vai.
Tudo começou em 1994, já tentei, mas parece que antes daí não sai nada mesmo, então 94, ano do Tetra, da morte do Senna, por falar em Senna, é exatamente o fato mais antigo que eu consigo lembrar, impressionante, a partir da morte do Senna eu começo a viver, pelo menos na minha memória, bem que tem aqueles fatos que você acha que lembra, mas é pura viagem, no meu caso, a morte do Raul Seixas em 89, por algum tempo eu tinha plena certeza que eu lembrava da morte do Raulzito, até minha mãe me convencer que não, que ele morreu há apenas 17 dias após meu nascimento oficial, me convenceu, mulher persuasiva minha mãe, então ou eu tenho ligações astrais com o Raul, ou eu me confundir vendo todo ano uma galera fazendo um luauzinho no dia de Finado na cova do rapaz em algum jornal local aqui em Salvador, é exatamente a suposição que eu mais acredito no momento. Falando nisso, a minha ligação com a morte dos outros é muito grande, meu grande parâmetro de localização anual é a morte de alguém, tem os Mamonas em 96, a Cassia Eller em 2001, entre outros presuntos.
Parando com as mortes, descobrir que existem coisas felizes também na minha memória, surpresa não? pois é, o segundo fato mais longínquo das minhas recordações, é a conquista da Copa do Mundo de 94, na verdade eu lembro de flashs da copa, vai ver que é porque o que me chamava mais atenção na copa era o Amarelinho, o Amarelinho era um personagem animado da Band que aparecia no canto da tela e fazia gracinhas no decorrer do jogo, quem ligava pro Romário quando se tinha o Amarelinho, os jogos da seleção eram muito melhores na Band, nada de Globo, e olhe que nesta época, a minha relação com o Galvão Bueno era bastante amistosa, ainda. Pois bem, apesar de está presente em grande parte da minha infância, a televisão não era tudo em minha vida, ainda tinha o vide-game, o video-cassete e outros eletro-eletrônicos, é claro que isso só é mais uma gracinha, porém fazendo muito esforço o que mais me lembro, e até consigo sentir as dores, é das pancadas que me marcaram, "marcaram", em todos os sentidos que esta palavra consiga abranger, eu, não muito diferente de hoje, era o que podemos dizer, o mais "desastrado" do grupo, quando se juntava uma rodinha pra olhar o acidentado da vez, minha mãe já enlouquecia da janela, se dizia na época que a cada acidente da rua, a probabilidade de eu está envolvido era de pelo menos 80%, um número bastante considerável para uma rua tão grande. Não importava a modalidade, do futebol dos fins de tarde às corridas da noite, eu sempre arrumava um jeito de exercitar o dom médico do meu pai, malditos curativos, maldito merthiolate, hoje como se diz na propaganda "dura mais e não arde", é, é mais fácil ser criança hoje em dia.
Eu sem falsa modéstia, sempre fui um dos garotos mais queridos da rua, era amigo de todos, geralmente era o dono da bola e do video-game, o que facilitava em larga escala a minha popularidade diante do grupo, porém existia um ser com quem eu dispersava totalmente dessa boa convivência, todo o sentimento de piedade e compaixão que eu adquirir ao longo do tempo das velhinhas da rua 21 de Setembro, eu devo a ele, "meu irmão mais velho", o antagonista da minha infância. Não importava o dia, sempre estava ele lá, altivo, pronto pra na minha primeira falha aprontar alguma, se eu entrasse numa briga na rua, diga-se de passagem caso raro de se ocorrer, estava ele lá, defendendo o lado contrário, eu até tentava reagir, mas naquela época quatro anos de diferença representava uma grande dispersão de forças. Certo dia, com a minha aliada-mor, minha tia, inventamos que fui sequestrado, eu por debaixo da cama podia ouvir o desespero do rapaz, pela primeira vez, na minha então curta vida, desapareceu a figura do vilão estampada no meu irmão.
Por enquanto é isso, se eu lembrar mais de algo eu escrevo a parte II, este breve relato do início da saga deste pimpolho que vos fala, além de exercitar minha memória, valeu uma nostalgia gigantesca, mas, como diria o Lulu, "...nada do que foi será, denovo do jeito que já foi um dia...", que assim seja.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Espero que não fique

A primeira impressão, maldita primeira impressão. Este seria o texto que provavelmente definiria sua volta ou não aqui, e eu em uma estratégia altamente arriscada, resolvi não arriscar. E eu estive "cá com com meus botões" imaginando qual o texto ideal pra se iniciar este blog, possivelmente este não é, porém eu não acho que ele seja o pivô de você não voltar mais aqui, além do mais ele não criaria qualquer expectativa a respeito das próximas postagens, você sem expectativas e eu sem nenhum compromisso de relatar grandes fatos, uma ligação perfeita para o bom caminhar desta página. Não esperem nada, sendo assim, eu prometo satisfazer suas
expectações.
É talvez...