quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Um Passado não tão Distante...

Primeiramente venho esclarecer que eu não pretendo criar um blog de linearidade temporal, muito menos lhes contar a história da minha vida, porém eu venho encarar nessa postagem um desafio pessoal, devido a minha memória pouco confiável, decidir desafiá-la, relatando aqui casos do meu passado mais distante, é, a época que eu me estabanava com mais frequência, essas coisas(pois é, esta época existiu), vamos ver até onde isso vai.
Tudo começou em 1994, já tentei, mas parece que antes daí não sai nada mesmo, então 94, ano do Tetra, da morte do Senna, por falar em Senna, é exatamente o fato mais antigo que eu consigo lembrar, impressionante, a partir da morte do Senna eu começo a viver, pelo menos na minha memória, bem que tem aqueles fatos que você acha que lembra, mas é pura viagem, no meu caso, a morte do Raul Seixas em 89, por algum tempo eu tinha plena certeza que eu lembrava da morte do Raulzito, até minha mãe me convencer que não, que ele morreu há apenas 17 dias após meu nascimento oficial, me convenceu, mulher persuasiva minha mãe, então ou eu tenho ligações astrais com o Raul, ou eu me confundir vendo todo ano uma galera fazendo um luauzinho no dia de Finado na cova do rapaz em algum jornal local aqui em Salvador, é exatamente a suposição que eu mais acredito no momento. Falando nisso, a minha ligação com a morte dos outros é muito grande, meu grande parâmetro de localização anual é a morte de alguém, tem os Mamonas em 96, a Cassia Eller em 2001, entre outros presuntos.
Parando com as mortes, descobrir que existem coisas felizes também na minha memória, surpresa não? pois é, o segundo fato mais longínquo das minhas recordações, é a conquista da Copa do Mundo de 94, na verdade eu lembro de flashs da copa, vai ver que é porque o que me chamava mais atenção na copa era o Amarelinho, o Amarelinho era um personagem animado da Band que aparecia no canto da tela e fazia gracinhas no decorrer do jogo, quem ligava pro Romário quando se tinha o Amarelinho, os jogos da seleção eram muito melhores na Band, nada de Globo, e olhe que nesta época, a minha relação com o Galvão Bueno era bastante amistosa, ainda. Pois bem, apesar de está presente em grande parte da minha infância, a televisão não era tudo em minha vida, ainda tinha o vide-game, o video-cassete e outros eletro-eletrônicos, é claro que isso só é mais uma gracinha, porém fazendo muito esforço o que mais me lembro, e até consigo sentir as dores, é das pancadas que me marcaram, "marcaram", em todos os sentidos que esta palavra consiga abranger, eu, não muito diferente de hoje, era o que podemos dizer, o mais "desastrado" do grupo, quando se juntava uma rodinha pra olhar o acidentado da vez, minha mãe já enlouquecia da janela, se dizia na época que a cada acidente da rua, a probabilidade de eu está envolvido era de pelo menos 80%, um número bastante considerável para uma rua tão grande. Não importava a modalidade, do futebol dos fins de tarde às corridas da noite, eu sempre arrumava um jeito de exercitar o dom médico do meu pai, malditos curativos, maldito merthiolate, hoje como se diz na propaganda "dura mais e não arde", é, é mais fácil ser criança hoje em dia.
Eu sem falsa modéstia, sempre fui um dos garotos mais queridos da rua, era amigo de todos, geralmente era o dono da bola e do video-game, o que facilitava em larga escala a minha popularidade diante do grupo, porém existia um ser com quem eu dispersava totalmente dessa boa convivência, todo o sentimento de piedade e compaixão que eu adquirir ao longo do tempo das velhinhas da rua 21 de Setembro, eu devo a ele, "meu irmão mais velho", o antagonista da minha infância. Não importava o dia, sempre estava ele lá, altivo, pronto pra na minha primeira falha aprontar alguma, se eu entrasse numa briga na rua, diga-se de passagem caso raro de se ocorrer, estava ele lá, defendendo o lado contrário, eu até tentava reagir, mas naquela época quatro anos de diferença representava uma grande dispersão de forças. Certo dia, com a minha aliada-mor, minha tia, inventamos que fui sequestrado, eu por debaixo da cama podia ouvir o desespero do rapaz, pela primeira vez, na minha então curta vida, desapareceu a figura do vilão estampada no meu irmão.
Por enquanto é isso, se eu lembrar mais de algo eu escrevo a parte II, este breve relato do início da saga deste pimpolho que vos fala, além de exercitar minha memória, valeu uma nostalgia gigantesca, mas, como diria o Lulu, "...nada do que foi será, denovo do jeito que já foi um dia...", que assim seja.

2 comentários:

Unknown disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

só uma coisinha...um Amarelinha era no SBT....