quinta-feira, 30 de abril de 2009

Reminiscências "woodstockianas"


Há algum tempo recusava-me ao máximo ao cenário musical de raízes anglófonas, principalmente quando este era proveniente da terrinha do Tio Sam, limitação bestial confesso, não sei se o inglês até então não me caía bem aos ouvidos ou era uma pseudo-proteção a culturalização yankee, porem devido a gama de influências referenciais fui obrigado a abdicar do preconceito e hoje sou fã incondicional de uma galerinha genial provindas dos mais diversos movimentos musicais americanos.
Pois bem, passado à limitação anglófona, adquiri há algum tempo em um dvd intitulado “Diário de Woodstock” o primeiro dos dias do evento, movimento que conhecia bem, mas admirava mais pela representação libertária e liberal da geração do final da década de 60 que propriamente pelo cenário musical que embalou os dias da galera alternativa de 69, o dvd reúne clássicos da música que tocaram na sexta-feira como Country Joe McDonald, Richie Ravens e o indiano Ravi Shankar("pai da Norah Jonhson"), porém uma voz feminina me chamou a atenção e é o pivô de eu vir aqui, grávida e protestando contra a prisão do marido, a já conhecida por mim apenas como a ex-mulher do Bob Dylan e por pequenas referências cinematográficas (vide Forest Gump, entre outros), Joan Baez, fecha o show e apenas com duas músicas mostradas no dvd deixou-me boquiaberto com a sua perfeição vocal e uma singeleza absoluta ao cantar músicas de protesto contra a hipocrisia e apologéticas as drogas como se estivesse cantando as das mais românticas canções.
Joan Baez nada mais é que uma das maiores cantoras da música folck americana, uma das vozes femininas mais apaixonantes no cenário mundial, e possuidora de uma discografia excelentíssima, que passa até por um álbum inteiro com interpretações magníficas de composições do gênio Dylan, discografia esta que perde um pouco de qualidade apenas nos álbuns mais recentes da cantora.
Neste momento ouço o álbum “Joan Baez en Español”, que conta com clássicos da música espanhola como “La Llorona”, “Guantanamera”, “Cucurrucucú Paloma”, esta última mais conhecida na voz do Caetano Veloso incluída inclusive na trilha do filme “Fale com Ela” do Pedro Almodóvar. Repito: Joan Baez é apaixonante, neste momento canta em espanhol, e só aumenta.

terça-feira, 28 de abril de 2009

"Acabou Chorare" (1972)


Eu sempre achei analisando toda a sua discografia, os Novos Baianos uma banda boa, e só, seja pela não linearidade qualitativa de todo trabalho, seja por que apesar de atingir seu ápice no som que a banda fez, o ritmo do axé jamais me agradou totalmente, porém o primeiro álbum que conheci da banda, o segundo gravado pelo grupo, que inclusive é o mais conhecido popularmente, "Acabou Chorare", é extraordinário, não é por menos que nas mais variadas listas de críticos que se atrevem a julgar os melhores álbuns tupiniquins o "Acabou Chorare" está sempre constando nas primeiras posições, inclusive na mais importante delas, a lista da revista Rolling Stones, o álbum aparece como o melhor disco já produzido no Brasil.
Esta obra prima dos Novos Baianos inicia com a famosa música "Brasil Pandeiro" do compositor Assis Valente, e na primeira frase, "Chegou a hora dessa gente bronzeada mostrar seu valor...", a extraordinária Baby Consuelo decreta quase obrigatório se apaixonar pelo álbum, mostrando uma das mais belas vozes femininas já pronunciadas, o álbum segue com a tão famosa quanto "Preta, Pretinha" tão bem interpretada quanto pelo cantor baiano Moraes Moreira, porém o álbum atinge seu ápice na primeira música do lado 2, onde é entoada a "melhor música do disco", "Mistério do Planeta", que merece ser registrada aqui, fica a indicação e "Viva aos Novos Baianos".


"Mistério do Planeta"

"Vou mostrando como sou e vou sendo como posso.
Jogando meu corpo no mundo,
andando por todos os cantos.

E pela lei natural dos encontros,
eu deixo e recebo um tanto.
E passo aos olhos nus ou vestidos de lunetas.

Passado, presente,
participo sendo o mistério do planeta.

O tríplice mistério do "stop",
que eu passo por e sendo ele no que fica em cada um.

No que sigo o meu caminho e no ar que fez e assistiu.
Abra um parênteses,
não esqueça que independente disso eu não passo de um malandro.
De um moleque do Brasil,
que peço e dou esmolas.

Mas ando e penso sempre com mais de um,
por isso ninguém vê minha sacola."

sexta-feira, 17 de abril de 2009

E o Troféu Abacaxi vai para:

Segunda-feira a noite, assisti pela tv aberta ao filme que me recusava a ver já há algum tempo, porém devido ao surto psicótico do meu aparelho de DVD que desconhecia as diversas mídias que outrora conhecia e a falta de atividades não cinematográficas a realizar na monótona noite de Segunda, onde já havia perdido cerca de 2 horas num esdrúxulo espaço onde grandes amigos se prestavam a um medíocre embate por um espaço institucional, abdiquei do preconceito que iria se confirmar mais tarde e parei para ver a obra de direção do Daniel Filho que recebe a alcunha de "Se Eu Fosse Você", o longa conta a história de um casal, vividos pelos atores clichês globais, Tony Ramos e Glória Pires, o homem, apaixonado pela empresa de publicidade, luta pela não venda do local e a mulher, professora de um coral de crianças, com um pré-discurso anti-machista desentendem-se pelo não reconhecimento um do outro da função na manutenção da instituição familiar, e após um coincidente e nada convincente desejo de ambos para a mudança de papel do casal, acordam em corpos distintos, e é nisso que se desenrola a insossa comédia. Tony Ramos torna-se um afetado em grande escala, futilizando-se ao máximo e protagonizando sequências de cenas horríveis, porém consegue êxito na empresa, pois ao construir uma propaganda de marca feminina, sua chefa o acha grande entendedor da alma da mulher (vide propaganda da Marisa), Gloria Pires masculinizada, após dificuldade de aceitar o eruditismo do coral, faz as pobres crianças executarem a 9º Sinfonia de Beethoven em ritmo de hip-hop, enquanto a abobalhada platéia supostamente acha maravilhosa a ridícula apresentação. Cenas horríveis, discursos infantis, gêneros estereotipados, dentre outras aberrações marcam a desmerecidamente superestimada comédia nacional, que já conta com continuação. E que jamais minhas segundas sejam monótonas novamente.

sexta-feira, 10 de abril de 2009

Sinatra, Obrigado!


Num ímpeto assustador de ouvir algo que não possuía em mãos, corro pro computador e escolho baixar "Highway 61 Revisited" do genial Bob Dylan, enquanto o download prossegue abro os arquivos do pen drive e a primeira pasta que avisto é um álbum que constava ser de 1955, pesquiso melhor e é "In The Wee Small Hours" do Frank Sinatra, álbum que havia usurpado do mp3 de um colega e que desconhecia até então, coloco pra tocar, achava que serviria como modo de espera, mas era muito mais, era talvez a minha maior descoberta dos últimos tempos, na primeira faixa apaixonei-me, depois disso... atordoado, atordoado é a palavra, fiquei paralisado frente ao computador durante um interminável tempo, era o que eu procurava, era o que eu precisava, e nesse momento tudo faz sentido...

E que sempre haja tempo para mudar de opinião...



Na imagem acima , para mim, a até então inócua banda inglesa "Radiohead".